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15/05/08

Intervalo amoroso


O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo
sem teu corpo?

Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?

Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?

Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho o sopro da vida de tua boca?

O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?

É como se entre um dia e outro
houvesse o vago-dia, cinza,
vida igual a morte, amortecida.

O poema, avulso gesto de amor,
é vão recobrimento de espaços.
O poema é dúbia forma de enlace,
substitui o pênis
pelo lápis
- e é lapso.

Affonso Romano de Sant’Anna

4 comentários:

Vício disse...

aquela inglesa que tinha 200 orgasmos por dia era incapaz de escrever uma coisa destas!

Vitória disse...

lololol..essa so ao escrever isto tinha alguns cinco..;)

Espelho d`água disse...

Gostei muito de te visitar... desculpa a intromissão...
Os textos são muito bons!

Vitória disse...

És bem vinda..obrigada:;)